Um amigo meu já falou que estou fazendo a dieta do cloro: engulo água e o cloro derrete tudo por dentro,
por isso os kilos estão indo embora.
Pelo menos, tá funcionando.
Brincadeiras um pouco a parte, sou muito descoordenada. Descoordenada até mais demais. Que chega a afetar a segurança alheia.
No começo, eu simplesmente caminhava de um lado para o outro, igual uma barata tonta, meus quarenta minutos diários. Sem sábado, sem domingo, sem feriado. Sete horas da manhã, lá ia eu com toda minha preguiça em frente a casa do vizinho
para cumprir o desafio.
Troquei o tênis, descobri as maravilhas do tênis novo e achei que merecia um lugar melhor pra caminhar. Então comecei a andar no municipal 1 hora por dia.
Aí me sentia incrivelmente ridícula. Muita gente caminha lá e todo mundo andava mais rápido que eu ou corria. Inclusive as senhoras de idade. Nada contra, cumprimentava todas elas e acho legal quando as pessoas conseguem se manter ativas de alguma forma. Mas eu ficava me martelando: pouts, devia andar no mínimo no ritmo delas...
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alguém que ia me ultrapassar. Andando no sentido contrário, problema resolvido.
Cansada de andar em círculo, literalmente, me inscrevi na natação. E já comecei com um enorme pé esquerdo. O médico dermatologista foi super estúpido comigo durante o exame pois ele queria ir embora mas ainda tinha que me atender. Respira fundo, conta até dez e vai: não será esse animal quem vai me parar agora.
(Seu Claus, se ler isso, desculpa não ter contado.) E chegaram os dias de perigo para meus coleguinhas. Eu ando torta. Minha prima ja reparou. Imaginamos ser por culpa do meu peso(ortopedista marcado dia 5! ). E graças a isso, eu nado torto também. De começar bem, atravessar pra raia do lado e bater em alguém que também está na aula.
E é aquilo: desanima. Ao mesmo tempo que eu tento enfiar na minha cabeça que é questão de tempo, que eu vou ganhar coordenação motora e começar a beber menos água , minha vontade é tacar a prancha na cabeça de alguém , sair da piscina e comer chocolate até vomitar.
Simples assim.
Tenho que pensar em bater os pés o mais próximo possível. Mas a gordura da minha coxa não me deixa juntar os pés com facilidade. Aí tenho que segurar a maldita prancha azul. Não rola deixar ela boiando solta pela piscina. Tudo bem, a gente tenta. Vem a parte de bater os braços: uma braçada, segunda braçada, quando o braço estiver na coxa, vira o rosto pra respirar, volta pra água e solta o ar pelo nariz até a próxima respirada. Fácil. Agora você faz tudo junto: bate o pé próximo enquanto solta ar pelo nariz, dá a primeira braçada, opa, esqueci do pé, bater eles juntos. Dá a segunda braçada, mão na coxa, vira pra respirar. Ah, a prancha, tenho que segurar, perae. Que pancada é essa na minha cabeça? Ah, o pé do menino do lado. Deixa eu voltar pra minha raia. Onde que eu parei mesmo? Ah é, respirar. Pera, acho que entrou água no meu nariz.
Repetir essa cena por mais meia hora aproximadamente. A hora que emburro, jogo a prancha na borda e
termino de chegar até lá sem essa porcaria azul.
As coisas não melhoram sem a prancha. Continuo bebendo água. Mas é algo a menos pra me preocupar. E eu avisei que sou um desastre e um perigo para meus colegas de natação.
Aí vem aqueles pequenos atos que te seguram, sem nem as pessoas saberem que aquilo significa muito mais pra você do que elas pensam: ah, te ajudo a chegar na borda. Você tá passando bem? Quer que eu avise Seu Claus que você não tá bem? Tá indo bem Cecília, faz vinte, trinta, quarenta respirações. O tanto que você quiser até recuperar o fôlego. Não precisa virar nadadora olímpica até a semana que vem.
faltam...(já falei do blog?)
Respira. Pensa em mil maneiras de atear fogo à prancha e em como é bom você ficar a pessoa mais gostosa do mundo quando atingir o peso pretendido.
E vai de novo, engolir mais alguns litros d'água.